É bem provável que todo
brasileiro já tenha ouvido falar da Proclamação da República, seja pelas aulas
da escola ou por termos um feriado dedicado a esse evento. No entanto uma importante
reflexão que precisamos compreender é de como esse evento está ligado ao nosso
dia a dia mesmo tendo ocorrido a mais de um século.
Uma das atuais críticas que se
faz ao processo de Proclamação da República é devido ao questionamento de
conceitos que recentemente começaram a ser abordados, dentre eles, foi um golpe
ou uma revolução?
Alguns historiadores mais
tradicionais podem afirmar que se trata de uma revolução por se tratar do
encerramento do regime monárquico e início de uma república. E de fato isso
ocorreu, com uma nova constituição estabelecendo todo um novo Estado de
direitos e garantias republicanas, definindo cargos e funções, e como as novas
legislações deveriam abordar a vida do brasileiro a partir do dia 15 de
novembro de 1889.
Mas, se houve uma mudança no
sistema de governo e até mesmo uma mudança no nome do Estado brasileiro, vindo
a chamar-se Estados Unidos do Brasil, de onde vem a interpretação de que se
trataria de um golpe?
Um dos elementos que
caracterizaria a definição de golpe ou revolução seria a mudança do status quo.
No caso do Brasil houve sim a mudança do regime de governo, no entanto não
houve a mudança de classe social dominante. Os grandes senhores latifundiários,
a aristocracia militar, a burguesia mercantil, e o capital estrangeiro
estabelecido continuaram a ser a elite social dominante no Brasil pós
Proclamação da República.
De um certo modo o que houve no
Brasil foi a substituição de um governo monárquico que começaram desagradar a
elite social por fatores como, o fim da escravidão sem a indenização dos
latifundiários, a baixa representatividade dos militares no governo após a
guerra do Paraguai, os conflitos de interesses com a igreja, e a instabilidade
cultural em relação à sucessão de Dom Pedro II que poderia vir a se tornar uma
instabilidade política e consequentemente econômica.
A transformação do Brasil em uma
República seria então uma necessidade da elite social estabelecida de manter o
seu status quo de dominação, visto que a monarquia não mais atenderia suas
necessidades e de certa forma até mesmo ameaçaria sua continuidade na dominação
do Brasil.
Observando o contexto
Internacional, as grandes nações do mundo europeu, os Estados Unidos da América
e o Japão concluíam seu processo de industrialização em finais do século XIX. O
Brasil neste mesmo período tinha voltado seu pequeno surto industrial para
atender as demandas de suas plantation, o que tinha demonstrado enorme
potencial industrial para o Brasil, e isso ameaçava não só a elite agrária
nacional mas também a concorrência industrial estrangeira.
A Proclamação da República então
representa muito mais continuidades do que mudanças, pois agora não seria mais
necessário um governo representando os interesses da elite agrária, a própria aristocracia
rural brasileira iria se candidatar, eleger e ser eleita no sistema republicano
defendendo assim os seus próprios interesses.
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